sexta-feira, 27 de julho de 2007

En la cama


Os corpos se grudam tão facilmente que fica difícil não pensar que já somos nós. As mãos se encontram na escuridão como se sempre estivessem juntas. De os olhos fechados para ajudar a fantasiar o que já conhecemos bem.

(Só eu, só você?).

- Por que fazemos isso?

- Isso o quê?

- Conversar. Como se quiséssemos nos conhecer. Eu não quero saber de mais nenhuma história sua. Nós não somos nada. Nunca seremos nada.

- Quando eu tinha 7 anos, o meu irmão se perdeu no supermercado e nunca mais voltou...

(...)

- Por que você está me contando isto?

- Porque nós não vamos nos ver mais.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

666 para rubi

A pior parte de pintar o cabelo no esquema do it yourself é o cheiro de tinta que fica depois.

Nunca pintei o cabelo no salão, mas imagino que depois de lavar naquela pia/banco, usar aqueles cremes e shampoos que você nunca encontra em lugar nenhum e fazer uma super ultra escova, é praticamente impossível ficar com cheiro de tinta.


Bem, mas eu odeio salão, então vai no banheiro de casa mesmo.

A outra coisa ruim é esta, o local. O banheiro fica invariavelmente sujo de tinta em pontos específicos que não dá pra saber qual foi a dinâmica da parada espirrar e ir grudar em um lugar bem longe da sua cabeça. Óbvio que a mancha só vai ser percebida depois que a tinta secar e ficar com aquela cor de sangue coagulado. O que não é nada legal de se encontrar em um banheiro, especialmente na parede ou na toalha de rosto branca.

Ah sim, a quantidade de tinta.

Meu cabelo é pequeno, então um kit dá pra usar duas vezes. O que significa que a primeira vez vai ser realizada com a ajuda indispensável do pote de margarina e que as luvas vão ter que ser lavadas e pregadas na parede para secar e serem reutilizadas.

40 minutos depois, tira a tinta ficando mais 40 minutos debaixo do chuveiro com água quente. Os primeiros 10 minutos são com os olhos fechados, pra não irritar. Nos 30 minutos restantes, você imagina que toda aquela água vermelha nunca vai parar de sair e inundar o seu banheirinho. O seu não, o meu.

Melhorar a aparência, ou simplesmente tampar os insistentes novos cabelos brancos que resistem à pinça, é quase um ato de horror, persistência, garra e força de vontade.

Aí você está linda e ruiva no outro dia. Balança os cabelos ao vento. Vem aquele cheiro forte de tinta, mas é melhor manter a pose.

E, adivinhem, ninguém nota. Ainda espero encontrar por aí um homem que veja que os cabelos foram retocados sem que o dito cujo tenha a mesma preferência sexual que eu. E talvez ele pode até indicar uma tinta que não fique com um cheiro tão forte no outro dia.