sábado, 8 de março de 2014

o corpo do amor


Tangerine,

Não diga isso que beber sozinha é o fim da  linha, minha irmã. Saiba que a maioria destas cartas foram escritas nesse contexto, que se mostrou, na verdade, o início da linhas.

Saúde!

E vamos em frente (enfrente) com a guia de Iansã.

Olha só o que acabei de perceber: eu, que agora só quero saber das expressões corporais, cultivo amores ausentes. Amores profundos e verdadeiros mas que só tem ao próprio amor para se sustentar. Sem presença, sem rotina e  também sem angústia. Uma ausência boa, que dura. E se dura é porque há de durar o tempo que for necessário. Porque  ela, a ausência, também háde acabar. 

Não é de agora que acredito no amor como uma energia múltipla, construída e compartilhada, feita para se condensar, explodir, dissipar e se rearranjar. Assim como tudo na vida. Enquanto concentro minha presença no meu próprio corpo, percebo que o amor vem tomando a forma poética dos navios que ainda não voltaram; na espera longínqua que não está mais em ver se o telefone vai tocar a cada minuto; na certeza do encontro além do físico. 

O tempo e o corpo do amor podem ter dessas coisas, não? Ou talvez eu esteja só envelhecendo. 

Saúde! 

O ano novo virou, ainda não nos vimos, mas você sabe que é um desses grandes amores, não sabe?

Sua Celine

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