o corpo do amor
Tangerine,
Não diga isso que beber sozinha é o fim da linha, minha irmã. Saiba que a maioria destas cartas foram escritas nesse
contexto, que se mostrou, na verdade, o início da linhas.
Saúde!
E vamos em frente (enfrente) com a guia de
Iansã.
Olha só o que acabei de perceber: eu, que
agora só quero saber das expressões corporais, cultivo amores ausentes. Amores
profundos e verdadeiros mas que só tem ao próprio amor para se sustentar. Sem
presença, sem rotina e também sem angústia. Uma ausência boa, que dura. E se dura é
porque há de durar o tempo que for necessário. Porque ela, a ausência, também háde acabar.
Não é de agora que acredito no amor como
uma energia múltipla, construída e compartilhada, feita para se condensar,
explodir, dissipar e se rearranjar. Assim como tudo na vida. Enquanto concentro
minha presença no meu próprio corpo, percebo que o amor vem tomando a forma poética
dos navios que ainda não voltaram; na espera longínqua que não está mais em ver
se o telefone vai tocar a cada minuto; na certeza do encontro além do físico.
O
tempo e o corpo do amor podem ter dessas coisas, não? Ou talvez eu esteja só envelhecendo.
Saúde!
Saúde!
O ano novo virou, ainda não nos vimos, mas
você sabe que é um desses grandes amores, não sabe?
Sua Celine
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