segunda-feira, 19 de setembro de 2011

as cidades invisíveis

Querida Celine,

Passei muito tempo sem escrever pra você, embora a cada paisagem eu tenha esboçado algumas linhas ao vento, com coisas que eu queria te dizer. Fomos pra longe, minha amiga, mas há uma ponte imaginária que nos liga do coração ao abraço, e vai sempre ligar. Queria te dizer que as coisas por aqui continuam turvas e contar milhares de histórias de corações partidos, mas não sei mentir tão bem assim pra mim mesma. Há muito de turvo que se dissipou para nós duas. Mas seremos sempre um pouquinho turvas. Você sabe disso, não sabe? Por mais que as coisas estejam ordeiras, estamos sempre dançando num lago de gelo prestes a rachar.

Me fale de você, tenho saudade de saber. Quantos cigarros na janela, quantos afagos de cappuccino em manhãs de frio, quantas paredes coloridas? Há tanto de você nessas coisas, e todas elas são cartas de nós duas.

Espero um sinal de fumaça. Ou uma nota de caixinha de música. Ou uma lomo revelada debaixo da minha porta.


Amor,

Tangerine

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