terça-feira, 5 de junho de 2007

cama em pista de gelo

Enquanto adoço meu chá de habu solitário, penso no que leva as pessoas a terem tanto medo de tudo. Já repararam que andamos todos receosos, nos protegendo, com medo de qualquer envolvimento? Olho meu rosto no espelho e vejo uma apaixonada, louca, não só pelos cabelos azuis e sorriso fácil. Costumava levar como um elogio, mas não deixa de ser estranho soar como um voz em tom a mais. Falta de intensidade me cansa, mesmo quando sou amena. O que fica de uma cidade não é mesmo o que os olhos destacam? E quando não há nada para destacar, o que fica? Podia ser teste behaviorista, mas não é. Para onde vão os e-mails que voltam? E as respostas que nunca saíram da boca, onde vão parar? E as cartas de amor? Xico Sá e minha amiga Celine sabem da importância das cartas de amor, dessas com perfume nas folhas e adesivos colados. Há dez anos não escrevo cartas de amor, digamos que apenas dedicatórias de igual amor. Os textos ficam cada vez mais tímidos. Uma loucura de amor soa como exagero e qualquer palavra soa como demais. Sentimos e não demonstramos, para o bem e para o mal. Defendo a coragem, as cartas e os bêbados de amor.

Um comentário:

Anônimo disse...

ouvi dizer que palavras guardadas causam engasgos e soluços.